"Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz"
São Francisco de Assis

domingo, 23 de setembro de 2012

São Pio de Pietrelcina-23 de Setembro.



Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de maio de 1887 em Pietrelcina (Itália). Seu nome verdadeiro era Francesco Forgione.

Ainda criança era muito assíduo com as coisas de Deus, tendo uma inigualável admiração por Nossa Senhora e o seu Filho Jesus, os quais via constantemente devido à grande familiaridade. Ainda pequenino havia se tornado amigo do seu Anjo da Guarda, a quem recorria muitas vezes para auxiliá-lo no seu trajeto nos caminhos do Evangelho.

Conta a história que ele recomendava muitas vezes as pessoas a recorrerem ao seu Anjo da Guarda estreitando assim a intimidade dos fiéis para com aquele que viria a ser o primeiro sacerdote da história da Igreja a receber os estigmas do Cristo do Calvário.

Com quinze anos de idade entrou no Noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Morcone, adotando o nome de "Frei Pio" e foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1910 na Arquidiocese de Benevento.

Após a ordenação, Padre Pio precisou ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde e, em setembro desse mesmo ano, foi enviado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até o dia de sua morte.

Abrasado pelo amor de Deus, marcado pelo sofrimento e profundamente imerso nas realidades sobrenaturais, Padre Pio recebeu os estigmas, sinais da Paixão de Jesus Cristo, em seu próprio corpo.

Entregando-se inteiramente ao Ministério da Confissão, buscava por meio desse sacramento aliviar os sofrimentos atrozes do coração de seus fiéis e libertá-los das garras do demônio, conhecido por ele como "barba azul".

Torturado, tentado e testado muitas vezes pelo maligno, esse grande santo sabia muito da sua astúcia no afã de desviar os filhos de Deus do caminho da fé. Percebendo que não somente deveria aliviar o sofrimento espiritual, recebeu de Deus a inspiração de construir um grande hospital, conhecido como "Casa Alívio do Sofrimento", que se tornou uma referência em toda a Europa. A fundação deste hospital se deu a 5 de maio de 1956.

Devido aos horrores provocados pela Segunda Guerra Mundial, Padre Pio cria os grupos de oração, verdadeiras células catalisadoras do amor e da paz de Deus, para serem instrumentos dessas virtudes no mundo que sofria e angustiava-se no vale tenebroso de lágrimas e sofrimentos.

Na ocasião do aniversário de 50 anos dos grupos de oração, Padre Pio celebrou uma Missa nesta intenção. Essa Celebração Eucarística foi o caminho para o seu Calvário definitivo, na qual entregaria a alma e o corpo ao seu grande Amor: Nosso Senhor Jesus Cristo; e a última vez em que os seus filhos espirituais veriam a quem tanto amavam.

Era madrugada do dia 23 de setembro de 1968, no seu quarto conventual com o terço entre os dedos repetindo o nome de Jesus e Maria, descansa em paz aquele que tinha abraçado a Cruz de Cristo, fazendo desta a ponte de ligação entre a terra e o céu.

Foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado no dia 16 de junho de 2002 também pelo saudoso Pontífice.

Padre Pio dizia: "Ficarei na porta do Paraíso até o último dos meus filhos entrar!"

São Pio de Pietrelcina, rogai por nós!



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Como enfrentar as provações?

Sofrer, com paciência, é sabedoria, pois assim se vive com paz.

As provações nos fortalecem para o combate espiritual; por isso, os Apóstolos sempre estimularam os fiéis a enfrentá-las com coragem.
São Pedro diz: “Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo…” (1 Pe 4,12).
Ensinando-nos que essas dificuldades nos levarão à perfeição: “O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vós fortificará” (1 Pe 5,10).
O mesmo Apóstolo ensina-nos que a provação nos “aperfeiçoará” e nos tornará “inabaláveis”. É importante não se deixar perturbar no fogo da provação. Não se exasperar, não perder a paz e a calma, pois é exatamente isso que o tentador deseja.

Uma alma agitada fica a seu bel-prazer. Não consegue rezar, fica irritada, mal-humorada, triste, indelicada com os outros e acaba deprimida.
O antídoto contra tudo isso é a humilde aceitação da vontade de Deus no exato momento em que algo desagradável nos ocorre, dando, de imediato, glória a Deus, como São Paulo ensina:
“Em todas as circunstâncias dai graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus” (1 Tes 5,16).

É preciso fazer esse grande e difícil exercício de dar glória a Deus na adversidade. Nesses momentos gosto de glorificar a Deus, rezar muitas vezes o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo…” até que minha alma se acalme e se abandone aos cuidados do Senhor.
Essa atitude muito agrada ao Senhor, pois é a expressão da fé pura de quem se abandona aos Seus cuidados. É como a fé de Maria e de Abraão que “esperaram contra toda a esperança” (cf. Hb11,17-19), e assim, agradaram a Deus sobremaneira.

Da mesma forma, Jó agradou muito ao Todo-poderoso porque no meio de todas as provações, tendo perdido todos os seus bens e todos os seus filhos, ainda assim soube dizer com fé:
“Nu saí do ventre da minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jo 1,21).

Afirmam os santos que vale mais um “Bendito seja Deus!”, pronunciado com o coração, no meio do fogo da provação, do que mil atos de ação de graças quando tudo vai bem.
O Jardineiro Divino da nossa alma sabe os métodos que deve empregar para limpar cada alma. Não se assuste com as podas que Ele fizer no jardim de sua alma.

Santa Teresa diz que ouviu Jesus dizer-lhe: “Fica sabendo que as pessoas mais queridas de meu Pai são as que são mais afligidas com os maiores sofrimentos”. E por isso afirmava que não trocaria os seus sofrimentos por todos os tesouros do mundo. Tinha a certeza de que Deus a santificava pelas provações. A grande santa da Igreja chegou a dizer que “quando alguém faz algum bem a Deus, o Senhor lhe paga com alguma cruz”.

Para nós, essas palavras parecem um absurdo, mas não para os santos, que conheceram todo o poder salvífico e santificador do sofrimento.
“As nossas tribulações de momento são leves e nos preparam um peso de glória eterna” (II Cor 4,17).

Quando São Francisco de Assis passava um dia sem nada sofrer por Deus, temia que o Senhor tivesse se esquecido dele. São João Crisóstomo, doutor da Igreja, diz que “é melhor sofrer do que fazer milagres, já que aquele que faz milagres se torna devedor de Deus, mas no sofrimento Deus se torna devedor do homem”.

As ofensas, as injúrias, os desprezos, os cinismos irritantes, as doenças, as dores, as lágrimas, as tentações, a humilhação do pecado próprio, etc., nos são necessários, pois nos dão a oportunidade de lutar contra as nossas misérias.

Isso tudo, repito mais uma vez, não quer dizer que Deus seja o autor do mal ou que Ele se alegre com o nosso sofrimento, não. O que o Senhor faz, de maneira até amável, é transformar o sofrimento, que é o salário do próprio pecado do homem, em matéria-prima de nossa própria salvação, dando assim, um sentido à nossa dor.

A partir daí, sob a luz da fé, podemos sofrer com esperança. É o enorme abismo que nos separa dos ateus, para quem a dor e a morte continuam a ser o mais terrível dos absurdos da vida humana.

A provação produz a perseverança, e por ela, passo a passo, chegaremos à perfeição, como nos ensina São Tiago.
“Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança…” (Rom 5,3-5).

Sofrer com paciência é sabedoria, pois assim se vive com paz. Quem sofre sem paciência e sem fé, revolta-se, desespera-se, sofre em dobro, além de fazer os outros sofrerem também.

Santo Afonso disse que “neste vale de lágrimas não pode ter a paz interior senão quem recebe e abraça com amor os sofrimentos, tendo em vista agradar a Deus”. Segundo ele “essa é a condição a que estamos reduzidos em consequência da corrupção do pecado”.
Prof. Felipe Aquino

Retirado da página do facebook de Vitor Volpatti 



  

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O resgate do pensamento franciscano

Não deixa de ser significativo que, além de Luther King, Teresa de Calcutá, M. Gandhi, Francisco de Assis foi apontado como uma das personalidades que marcaram o séc. XX. Importa ressaltar que a pesquisa foi feita pela revista "Time", portanto, isenta de qualquer preocupação apologética, interesseira e "marqueteira"!

O Poverello de Assis, lá pelos idos do séc. XIII, com sua espiritualidade radicalizada na essência da mensagem evangélica, com seus seguidores, filósofos e teólogos, continuadores de sua mensagem, depois de longo período no olvido, obscurecidos pelo Iluminismo, Racionalismo, Cientificismo; pela ideologia do crescimento ilimitado, pelo Consumismo desenfreado, são redescobertos com todo o seu vigor humanístico, antropológico.e ecológico.

Para a Escolástica, a ciência por excelência é a Teologia. A Filosofia, a Metafísica são instrumentos necessários para que se chegue, de modo apropriado, lógico, ao conhecimento do Ser dos seres, Deus, a fonte e princípio de tudo. Daí o provérbio conhecido: "Philosophia ancilla Theologiae", interpretado positivamente enquanto caminho, intinerário para se chegar ao Ser por excelência, Deus. Boaventura, um dos expoentes do pensamento franciscano do séc. XIII, professor na Sorbonne (Paris), escreveu interessante tratado intitulado: "Itinerarium mentis in Deum" ("O itinerário da razão até Deus").

Assistimos, desde meados do século passado, a uma derrocada de uma série de mitos, antes considerados intocáveis e insubstituíveis. Vamos enumerá-los apenas; se bem que cada um de per si mereceria uma reflexão à parte:

1) A pretendida potência da razão, considerada capaz de elaborar sistemas filosóficos omnicompreensíveis. Ela abarca tudo e tudo explica; tudo controla e regula. A insensatez da injustiça social em escala mundial e a violência da guerra para mantê-la já seriam suficientes para desbancar tal presunção;

2) a crença de que seja possível viver sem História, sem passado e sem futuro. O que importa é o presente, o aqui e o agora. Chama-se isso de "perpetuidade do presente". Esquecendo que o presente está carregado do passado e se projeta para um futuro ainda a se construir. Os antigos diziam: "a criança que está nascendo neste momento é tão velha quanto o mundo; e, no entanto, traz dentro de si um futuro de mudanças e capacidade de crescimento (Humanização)";

3) a queda do binômio substância-acidentes. Tudo é fugaz, é presente, é momento que se deve vivenciar com intensidade, pois, logo se desfaz. "A eterna leveza do ser"; "tudo que existe se desfaz no ar". Não há necessidade de uma substância ou de um objeto privilegiado ou centro de imputação para o qual o todo se convirja ou seja o centro;

4) a crença de que a razão seria esse centro de imputação, tendo em suas mãos a realidade e, portanto, conhecendo suas estruturas, sua dinâmica, suas leis, carece de qualquer relação com o transcendente. Proclama sua autonomia.

Esses mitos, entre outros, que a modernidade gerou e nos quais depositou sua esperança foram se esboroando, e o "Homo" da atualidade se prostrou exausto como um Prometeu encadeado. Suas conquistas científico-tecnológicas não o fizeram mais humano, mais solidário. É um angustiado à busca de sentido do que é a Vida, para que se vive! Seu próprio habitat, o planeta terra com seus ecossistemas abalados; põe em risco nossa sobrevivência como a sobrevivência das futuras gerações

Estaria aí a redescoberta da mensagem do santo de Assis e de seu desdobramento filosófico-teológico de seus seguidores.

A Teologia franciscana é uma teologia do coração, da afetividade, da gratuidade, uma teologia mais amorosa do que racional.

Duns Escoto, por exemplo, defendia a tese de que: "Bonum diffusivum sui" (O bem é, de per si, por sua natureza, algo que tende a se difundir). Como se não coubesse dentro de si mesmo, tende a se difundir, a se socializar. O mesmo acontece com a gente: possuído de uma grande alegria, a gente como se não coubesse dentro de si, se sente impulsionado a irradiá-la, comunicá-la com os outros!

Dessa tese chegou à conclusão de que o "peccatum originale", a revolta e rejeição do "Homo" de se aceitar finito, um ser criado, não afetou a essência de seu ser enquanto dotado de razão e liberdade. E mais ainda: de que caso não houvesse essa revolta, Deus se encarnaria em seu Filho Jesus Cristo como expressão e revelação de sua bondade intrínseca. Nele veríamos a bondade, a gratuidade de Deus-Amor que criou tudo por amor, gratuitamente, sem ter um "porque" racional. Faz pensar na "Rosa". "A rosa não tem porquê", está aí, gratuitamente, mesmo que eu não a veja. "Elas, simplesmente, exalam", diz a canção.

Teríamos um Cristo sem paixão, sem crucifixão; encarnado gloriosamente, como causa exemplar, manifestação em plenitude da glória de Deus, isto é, brilho de sua bondade, de sua gratuidade intrínseca.

Francisco, na sua caminhada existencial, de experiência em experiência, foi-se libertando de todo e qualquer desejo de posse; na sua pobreza total, foi capaz de perceber e intuir essa bondade fontal e via em tudo, desde o vermizinho que atravessava o caminho que percorria até o sol, a lua, o vento, o fogo, a água essa presença amorosa e gratuita da vida, cuja fonte última ele chamou de "Sumo Bem", ou o "Amor não Amado", "Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor". Veja o Cântico das Criaturas que ele foi escrevendo no decorrer de sua conversão, a ponto de chamar tudo de irmãos, irmãs (Adelfocracia); inclusive a morte, enquanto transição, passagem dessa vida ao encontro desse Ser Bondoso.

Daí, o pensamento franciscano, seus pensadores, desenvolverem uma metafísica, (reflexão sobre a essência dos seres, do Ser por excelência) do ser como um dom, uma graça, intuídos mais pelo coração, pelo afeto, do que pela razão.


Frei Cristóvão Pereira ofm


Bem-aventuranças: anseio por um mundo novo



Mt 5, 1-12ª.-* 1 Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4 Felizes os aflitos, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. 12 Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês.»

* 5-7: O Sermão da Montanha é um resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Moisés tinha recebido a Lei na montanha do Sinai; agora Jesus se apresenta como novo Moisés, proclamando sobre a montanha a vontade de Deus que leva à libertação do homem.

* 5,1-12: As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime.

Os que buscam a justiça do Reino são os «pobres em espírito.» Sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade.

Bíblia Sagrada - Edição Pastoral

FONTE: http://www.franciscanos.org.br